Literatura


O arcadismo


O Arcadismo foi um estilo literário que durou pela maioria do século XVIII, tendo o bucolismo como a principal característica. Muitos dos participantes da Conjuração Mineira foram poetas árcades. Os campos, a natureza, os pastores ajudam o leitor a reconhecer um texto árcade ou um poema.
O Arcadismo passou a incluir a figura do índio, da flora brasileira, fugindo então do estilo árcade da Europa e de Portugal. Participavam da Inconfidência Mineira muitos ex-estudantes da Universidade de Coimbra.
O papel do pastor nos textos europeus eram assumido pelos índios nos textos árcades do Brasil. O índio nessas escritas é tratado como um herói e modelo de bem viver para toda a sociedade.
Os principais poetas árcades brasileiros foram:

     Tomás Antônio Gonzaga


Tomás Antônio Gonzaga, nasceu em Miragaia, freguesia da cidade portuguesa de Porto (Portugal) em 1744. Ele era filho de mãe portuguesa e pai brasileiro. Órfão de mãe no primeiro ano de vida, e logo mudou-se com o pai, para Pernambuco em 1751. Fez os estudos primários no Colégio dos Jesuítas, em Salvador, e formou-se em Direito na Universidade de Coimbra (Portugal) em 1768.
Tomás Antônio Gonzaga, na cidade de Beja (Portugal), ele exerceu o cargo de juiz de fora. E logo quando voltou ao Brasil, ele foi nomeado Ouvidor dos Defuntos e Ausentes da comarca de Viça Rica, em 1782, atual cidade de Ouro Preto. Ele então conheceu a Pastora Marília (Marília Dorotéia Joaquina de Seixas Brandão), uma adolescente de apenas 15 anos. Ela em uma das possíveis interpretações de seus poemas, que teria sido imortalizada em sua primeira parte da obra lírica (Marília de Dirceu), públicada em 1792, em Lisboa (Portugal), apesar dessa versão ser muito discutível, tendo em vista as regras retórico – poéticas que prevaleciam no século XVIII (época em que o poema fora escrito). Participou na Inconfidência Mineira, em 1789, o que lhe custou a prisão e o degredo em Moçambique. Para o crítico Antônio Candido, o Arcadismo encontrou a mais alta expressão no Brasil. Em grande parte da sua obra, celebra a namorada, depois noiva, sob o nome pastoral de Marília. Mas ela sobretudo é voltada para a expressão lírica da sua própria personalidade. Com admirável nobreza e simplicidade, traça um roteiro da sua visão do mundo, das suas preocupações. Em 1819, Tomás Antônio Gonzaga, faleceu em Moçambique.


“ Tu não verás, Marília, cem cativos
Tirarem o cascalho, e a rica, terra,
Ou dos cercos dos rios caudalosos,
Ou da minada serra.
Não verás separar ao hábil negro
Do pesado esmeril a grossa areia,
E já brilharem os granetes de ouro
No fundo da bateia.
Não verás derrubar os virgens matos;
Queimar as capoeiras ainda novas;
Servir de adubo à terra a fértil cinza;
Lançar os grãos nas covas.
Não verás enrolar negros pacotes
Das secas folhas do cheiroso fumo;
Nem espremer entre as dentadas rodas
Da doce cana o sumo.
Verás em cima da espaçosa mesa
Altos volumes de enredados feitos;
Ver-me-ás folhear os grande livros,
E decidir os pleitos.
Enquanto revolver os meus consultos.
Tu me farás gostosa companhia,
Lendo os fatos da sábia mestra história,
E os cantos da poesia.
Lerás em alta voz a imagem bela,
Eu vendo que lhe dás o justo apreço,
Gostoso tornarei a ler de novo
O cansado processo.
Se encontrares louvada uma beleza,
Marília, não lhe invejes a ventura,
Que tens quem leve à mais remota idade
A tua formosura.”
Marília de Dirceu, de Tomás António Gonzaga

Cláudio Manuel da Costa





Cláudio Manoel da Costa, poeta, magistrado e advogado, nasceu em Vila do Ribeirão do Carmo (hoje Mariana), Minas Gerais, em 1729. Filho de Teresa Ribeira de Alvarenga, mineira  e João Gonçalves da Costa, português. Em 1794, embarcou para Portugal,  aos 20 anos de idade, para a Universidade de Coimbra para estudar Direito. Absorveu no entanto o clima das primeiras manifestações do Arcadismo, em contato com os ideais iluministas. Ele retornou ao Brasil em 1754, e trabalhou em Vila Rica (atual Ouro Petro), Minas Gerais,  como advogado. Em 1758, elaborou a “Carta Topográfica de Vila Rica e seu termo”, por missão da Câmara de Ouro Preto. Em 1768, seu livro de poesia foi lançado, fundado a Arcádia Ultramarina, ‘Obras’. Foi preso quando o movimento foi sufocado, por ter participado como um dos líderes da Inconfidência Mineira. Ele fez algumas declarações comprometedoras sobre seus amigos, entre eles Tomás Antônio Gonzaga, pois foi submetido a interrogatórios. Cláudio Manuel da Costa, foi encontrado na prisão enforcado, morto, no dia 4 de julho de 1789, em Vila Rica (atual Outro Preto), Minas Gerais, ninguém sabe se foi cometido um assassinado ou suicídio.


ANTANDRA
“Pastora do branco arminho,
Não me sejas tão ingrata:
Que quem veste de inocente,
Não se emprega em matar almas.
Deixa o gado, que conduzes;
Não o guies à montanha:
Porque em poder de uma fera,
Não pode haver segurança.
Mas ah! Que o teu privilégio,
É louco, quem não repara:
Pois suavizando o martírio,
Obrigas mais, do que matas.
Eu fugirei; eu, pastora,
Tomarei somente as armas;
E hão de conspirar comigo
Todo o campo, toda a praia.
Tenras ovelhas,
Fugi de Antandra;
Que é flor fingida,
Que áspides cria, que venenos guarda.”

Tiradentes


Joaquim José da Silva Xavier, conhecido como TIRENTES, nascido na fazenda do Pombal, entre São João del Rei e São José (hoje Tirandentes) em Minas Gerais. Ele é considerado o grande mártir da independência do nosso país. Seu pai era um pequeno fazendeiro. Tiradentes ficou orfão aos 11 anos. Não fez estudos das primeiras letras de modo regular. Foi médico prático, foi mascote, pesquisou a sua capital (Minas Gerais). Ficou conhecido nela, por toda a sua habilidade de arrancar e colocar novos dentes feitos por ele mesmo, com a sua grande arte. Ele teve sua parte de ‘vida militar’,  pertenceu ao Redimento de Dragões de Minas Gerais, ele comandou uma patrulha do mato, prendendo ladrões e assassinos no posto de alferes.
Tiradentes, foi enforcado no dia 21 de abril de 1792, no Rio de Janeiro no Largo da Lampadosa. Seu corpo foi esquartejado, sua cabeça foi pendurada em um poste em Vila Rica, e arrasaram a casa em que ele morava e declararam má fama os seus descendentes.